No manifesto publicado em 2001 com o disco "A Lenda da Irresponsabilidade do Poeta", afirmava-se: "14) Os Superego aceitarão aparecer em estações televisivas que praticam o capitalismo irresponsável desde que estas se sujeitem à possibilidade de isso se tornar uma oportunidade de intervenção cívica. 15) Os Superego aceitarão fazer playbacks em televisão desde que isso seja uma oportunidade para usarem t-shirts com frases como: FIM À EXPLORAÇÃO DOMÉSTICA DA MULHER PELO HOMEM."
Anos volvidos, livre de superegos e mais sensível afinal a frases como: FIM À EXPLORAÇÃO SENTIMENTAL DO HOMEM PELA MULHER, tive o prazer de apadrinhar a estreia em televisão nacional dos escritores de canções republicanos Samuel Úria, Tiago Guillul e Guel Sousa e do snob-rocker católico João Coração diante das boas senhoras que aplaudem o simpático e rigoroso Manuel Luís Goucha. Quando o mundo subterrâneo da alma e da diferença se interfere no dia-a-dia de lares desprevenidos pode muito bem ser um sinal de anunciação e de esperança.
A canção diz: «nada te esmaga/ nada te acaba/ nada te encolhe/ nada te alarga/ nada te tenta/ nada te inventa/ nada te pesa/ nada te aguenta/ nada te falha/ nada te empurra/ nada se ri enquanto te esmurra/ nada te esfria/ nada te guia/ nada te ofende ou te desvia/ nada te pára».
Posto isto, resta negar ainda as acusações sobre alegados tiques dylanianos na hora da entrevista e dar conta de que as meninas a dançar com pintas na testa estavam a servir café e croissants junto aos camarins.