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músico-escritor de canções, nascido em 1975 na Praia da Barra, Portugal www.myspace.com/jorgecruzpoeira

terça-feira, 13 de maio de 2008

Mas Que Tragédia Vai Na Vida Deste Moço!

"João Coração Nº1" está pronto a ser editado. Como o nome indica, é o primeiro disco do João Coração mas é também o primeiro momento (Outubro de 2007 em Sesimbra) em que se encontraram algumas pessoas que, sem aviso, vieram a fazer parte das vidas umas das outras e a colaborar juntas ao longo de 2008 num rol de eventos, concertos e gravações. Bernardo Barata, Tiago Guillul, Samuel Úria, Guel Sousa, Lipe dos Pontos Negros e eu próprio cruzámo-nos ali. Por meras contingências, ficariam de fora desta gravação o Manuel Fúria dos Golpes, o Silas dos Pontos Negros ou o Diego Armés dos Feromona, mas seria destes nomes que o nosso ano de 2008 nas cantorias de Lisboa viria a ser feito.
Nada disto teria sido exactamente assim não fosse o carácter anfitrião do João Coração. E é também desse modo que ele se apresenta ao longo do seu primeiro disco. Como um cavalheiro anfitrião, dividido entre a aventura e a paz. Debatendo-se com conflitos para dentro dos quais nos convida sendo que o que nos oferece é simplesmente esse momento. De intimidade. E de mistério. Algo que a determinada altura podemos pensar que já conhecemos, já entendemos, mas que teremos sempre de deixar em aberto, dado que este Coração move-se a paixão e, como tal, o seu caminho não tem a previsibilidade que é possível descobrir noutros artistas.
Também não tem, talvez, aquele aspecto sólido que esperamos de alguém que se apresente com tal pompa. Mas é aí que reside o seu encanto. A sua surpresa, bravura e generosidade. A música do João Coração cabe naquele paradigma da arte que responde a uma carência de equilibrio. Surge quase como o elemento que faltava para conter as forças da angústia e da fragilidade. A "luz", palavra frequente nestas canções, é o último fim. E ganha uma dimensão religiosa, no seu sentido mais puro. Tal com acontece com o Antony, o Mark Hollis ou o Mark Eitzel, a música do João Coração oferece-nos a antecâmera quente, com cheiro a carne e flores, entre o vazio e a paz. É um momento de revelação que ele entrega com romantismo e altivez. E algum humor acerca de si próprio (que quem já o viu cantar ao vivo nem sempre encontra ou reconhece). Este é o Bravo Coração: «Bravo Coração/ Todo ele é vontade de voar/ Mas a vida não deixou/ Há sempre qualquer coisa/ Sempre a correr/ Para regressar àquela cama/ Mas ali já não há sonhos/ Só uma almofada/ Tem 6 mil canções para encantar/ Mas nada encanta/ Nem mesmo o rouxinol/ Mas que tragédia vai na vida deste moço!»

"João Coração Nº1" será editado pela Flor Caveira à entrada do Verão. É um dos melhores discos portugueses dos últimos anos.

1 Comentários:

Blogger ZELIG disse...

pois é Jorge, já ouvi o disco do João Coração. Quem é que disse que gostos não se discutem? Eu diria que o disco é muito fraquinho. Os textos são muito maus para ser verdade. Escapa o trompete do Nuno Reis, mas o mérito é só do Nuno. Infelizmente há coisas que não entendo, anda tudo em grupo, somos todos amigos uns dos outros, ainda bem que há amigos... mas era bom que existisse algum espaço para autocrítica, não te parece. Devo dizer que do grupo de amigos o meu prémio vai para Feromona. Abraço Pedro Barros

17 de novembro de 2008 às 10:12  

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